A mãe de Freud — Sra. Amália Freud
Fonte: desconhecida
A mãe do Freud tinha só vinte e um anos a mais que ele, e vinte menos que seu marido, o pai da horda. “Vibrante, bela, narcísica, tirânica, egocêntrica […] com humor cortante”, no dizer de Ernest Jones; essa autêntica “mama ídiche” chamava seu pimpolho primogênito de “mein goldner Sigi” — meu Sigi de ouro.
A evocação desse apaixonamento se encontra na Interpretação dos Sonhos (sonho erótico e de angústia aos seis anos), tema depois retomado em Leonardo da Vinci e Uma Lembrança de sua Infância. E segue por toda vida.
Ferenczi, discorrendo sobre a importância das intensidades da relação entre Amália e seu filho dileto, aborda o aprisionamento especular que capturou Freud: a orientação andrófila de sua teoria da sexualidade, o monismo sexual, certa repugnância pela sexualidade espontânea da mulher, a idealização da maternidade. E arremata: “Em sua conduta, Freud faz apenas o papel do deus castrador, nada quer saber do momento traumático de sua própria castração na infância. É o único que não deve ser analisado”.
Freud, entretanto, revela que sofreu a castração: a pujança de sua obra, a segurança com que enfrentou as adversidades, e ter adotado “em relação à morte a atitude de aceitação típica daqueles que se sentem imortais porque puderam realizar o luto do primeiro objeto de amor: a mãe amorosa”.
Amália, morreu aos 95 anos em 1930. Freud, já enfermo, não foi ao funeral.
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Esse texto foi publicado no antigo portal Psicorama em 25/05/2009, e editado para nova publicação aqui.